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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Hackers Parte II - Ativismo Hacker

Os anos 2000

O século 21 começa com uma devastadora onda de ataques de vírus. Dentre eles, um dos piores, O ILOVEYOU infecta milhões de máquinas ao redor do mundo em apenas algumas horas, ajudado principalmente pela ignorância dos novos usuários da internet. O mais interessante: foi criado por um estudante filipino para ser usado em uma tese universitária.

Em 2001, o vírus Anna Kournikova é enviado por email. Para se infiltrar, ele convida o desavisado usuário a clicar em uma foto da tenista russa para ver mais imagens. É o primeiro ataque desse tipo.

A onda de ataques mira especialmente o sistema Windows, por sua extrema popularidade, e leva Bill Gates a decretar, em 2002, o início de uma campanha para tornar prioridade a segurança de todos os produtos da Microsoft.

Esses ataques fixaram a imagem que a maioria de nós mortais tinha dos hackers: pessoas ocupadas em espalhar vírus e causar dores de cabeça para empresas e pessoas. No entanto, com o passar do tempo, os computadores e a rede mundial se tornaram a plataforma ideal para divulgar ideias, para o ativismo e em última instância, para a guerra e para o terrorismo.

Alguns grupos de hackers ativistas como o Cult of Dead Cow e o Hacktivismo militavam desde o início da década de 1990 a favor dos direitos humanos. No fim dos anos 90, eles alegaram ter trabalhado junto a grupos de dissidentes chineses que buscavam hackear computadores do governo da China para liberar documentos censurados online.

Do outro lado, em 2005 o governo da Coreia do Norte anunciou ter recrutado 500 hackers que teriam conseguido penetrar em redes dos governos da Coreia do Sul, Japão e outros países.

E ainda é recente a deflagração do vírus Stuxnet nos sistemas que controlam usinas nucleares do Irã ocorrida em junho de 2010. Acredita-se que o ataque tenha partido de Israel – com o possível apoio dos EUA – como um aviso de que medidas poderiam ser tomadas caso o país desenvolvesse armas nucleares.

titstorm

Todas essas ações - e muitas outras mais que estão sob investigação - configuram o que alguns especialistas chamam de ciberguerra, um tipo de guerra que é muito mais limpa do que os conflitos tradicionais, mas pode causar estragos tão graves quanto para as economias e infraestruturas nacionais, já que boa parte da energia e das cadeias produtivas da maioria dos países é controlada por computadores.

Enquanto governos nacionais e grandes corporações contratam hackers para defender seus interesses, correndo por fora surgem grupos que preferem manter o ativismo sem levantar bandeiras tradicionais. O mais conhecido e notório deles, o WikiLeaks, ainda enfrenta a ira de governos e empresas que tiveram informações roubadas. Seu líder e principal porta-voz, Julian Assange, despertou a simpatia de muitos defensores da liberdade de expressão. E inspirou muita gente com essa bandeira.

É nessa linha que se encaixam os recentes Anonymous e o LulzSec.
O LulzSec

lulz

O LulzSec se tornou público em maio de 2011 no Twitter anunciando com muito alarde seu primeiro ataque, onde eles teriam roubado informações sobre participantes de um programa da TV Fox; mas eles só se tornaram realmente conhecidos entre maio e junho do mesmo ano, com a divulgação de uma ação que duraria 50 dias, uma declaração de “guerra contra governos e corporações que escondem informações”. O primeiro ato: invadir e divulgar dados de mais de um milhão de usuários dos sites da gigante Sony.

O grupo usava o Twitter como plataforma para divulgar seus próximos feitos, sempre usando uma abordagem irônica e sarcástica. Foram classificados como terroristas digitais pelo Departamento de Segurança Pública do Arizona depois uma invasão aos seus servidores. Mas conquistavam a simpatia de especialistas em segurança que diziam que eles prestavam um serviço ao mostrar brechas em sistemas inseguras.

Outros ataques no currículo do LulzSec: o roubo de dados do censo britânico, roubo de informações de redes de usuários de sites de jogos, invasão aos servidores da CIA do Senado dos EUA. Mesmo no Brasil, grupos inspirados pelo Lulz invadiram sites do governo federal, conseguindo tirá-los do ar por algumas horas. Nada de valor foi roubado, no entanto.

Apesar de todos os ataques e de toda a repercussão, o grupo sumiu tão rapidamente quanto surgiu. No fim de junho de 2011, após a prisão de um jovem britânico supostamente ligado ao Lulz, o grupo anunciou o fim das atividades. Parte dos membros do grupo acabou se juntando ao Anonymous.
O Anonymous

“Nós somos um movimento anônimo, descentralizado, que luta contra a censura e os direitos autorais”. Essa frase estampava a página anonops.org, único local centralizado onde informações sobre o grupo Anonymous podiam ser encontradas. Com o fechamento do site, as operações do grupo ativista passaram a ser trocadas em salas de bate-papo do ICQ ou do canal 4Chan.

O primeiro ataque organizado do grupo aconteceu em 2008 e teve como alvo a Igreja da Cientologia, religião de astros como Tom Cruise e John Travolta. Em um comunicado antes dos ataques eles diziam:

“Durante os anos nós observamos vocês. Sua campanha de desinformação (...) nos chamou a atenção. Com seu último vídeo de propaganda, a natureza maligna da influência que vocês exercem sobre aqueles que acreditam em você ficou clara para nós. Logo, Anonymous decidiu que sua organização deve ser destruída”.

Aos ataques à Cientologia se seguiram ataques à AT&T e ao Tumblr.

Em 2009, o grupo se uniu ao site PirateBay para oferecer a dissidentes iranianos uma chance de se comunicar com o mundo. O resultado foi a criação do site Anonymous Iran, que conseguiu juntar mais de 22 mil usuários.

As últimas atividades incluem o roubo de informações de uma organização estadunidense de contra-ciberterrorismo chamada Cyberterrorism Defense Initiative. O grupo também alega ter encontrado 40 Terabytes de informações sigilosas de uma “grande companhia” e ainda estaria decidindo como colocar toda a informação à disposição na web.

Em julho de 2011, pouco depois da criação do GooglePlus, o grupo – que alegou ter sido expulso tanto da rede social quanto do Gmail – resolveu criar uma rede social própria, onde hackers e não hackers teriam “liberdade total para se expressarem”.

A página que abrigaria a rede, chamada AnonPlus, acabou sendo invadida por outro grupo hacker.
Por Leonardo Carvalho

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